sexta-feira, 8 de agosto de 2014

3 ANOS JUNTOS NA FACULDADE DE JORNALISMO


A turma ao lado de alguns professores do curso

A nossa turma de Comunicação Social/ Jornalismo da Universidade Federal do Acre (UFAC) completa três anos. Uma festinha rápida foi organizada para não deixar a data em branco. Alguns dos nossos colegas, por motivos pessoais, não fazem mais parte da turma. Entramos no segundo semestre de 2011. Éramos poucos mais de 40 discentes. Muitos desistiram, outros mudaram de planos e resolveram seguir outras áreas. Aos que ficaram, parabéns! 

A baixo a lista completa do edital que homologa nossos nomes na Universidade.
Infelizmente nem todo mundo compareceu, mas lembramos dos faltosos




























AMANDA RODRIGUES DA COSTA
ANAÍS CORDEIRO DE MEDEIROS
ANDERSON GUSTAFFESSON DE OLIVEIRA CASSIANO
ANDRÉIA FARIAS DO NASCIMENTO
ANNEM ENA MONTEIRO DA SILVA
ARGOS RYAN MAIA MOURA
CAMILA BISPO DE LIMA
CAMILA CRISTINA FARIAS DE ARAÚJO
CARLOS ANTÔNIO MALVEIRA DA COSTA
CLEUDON DA SILVA FRANÇA
DÉBORA ESTEFÂNIA LIMA DA SILVA
ELISNÁTILA DA COSTA
ELISSON NOGUEIRA MAGALHAES
ESTELA MACIEL MELO
FÁBIO LUIZ SOARES DA SILVA
FRANCILENE MOURA DOS SANTOS
FRANCISO ROMÁRIO DE OLIVEIRA COSTA
GEOVANDO SILVA DE LIMA
GUADALUPE KRISTEL BUENO NORIEGA
HYRLA DOS SANTOS MARIANO
ISMAYKEL GONDIM DE LIMA
JOAO PAULO MAIA RODRIGUES
JULIET NEVES MATOS
KATLLEN NATÁLIA SILVA ROSA
KENEDI RODRIGUES SOARES DO NASCIMENTO
KESIA DOS SANTOS BARROSO
LUAN CESAR DE OLIVEIRA
LUAN PORFIRIO E SILVA
LUISA GRAZIELE OLIVERIA HENRIQUES
MACIEL JAMES DOS SANTOS OLIVEIRA
MÁGELA MARIA ALVES DE SOUZA
MARCOS MENDES DE ARAUJO
MARIA DA CONCEIÇÃO FRANÇA MAIA
MARIA FABIANY DOS SANTOS ANDRADE
MARIA SEBASTIANA RODRIGUES DE LIMA
MARINA DE OLIVEIRA LIMA
NARAH NASCIMENTO DE SOUZA
NATAN PERES DA SILVA LIMA
PATRÍCIA SILVA MOTA
PAULO HENRIQUE DA SILVA SANTIAGO
RAQUEL FERREIRA DE CASTRO
ROMÁRCILA SOUZA DE OLIVEIRA
SAYARA SANTOS DA SILVA
STÉFANNO DUATE BRITO
TARSYS KLEEN NERI DE SOUZA
THAIS FARIAS DE MOURA
THAYNÃ CORRÊA ARAGÃO
THIAGO DE ARAUJO MAIA
WANGLÉZIO DE LIMA BRAGA
WELLINGTON MOTA DE CASTRO



quarta-feira, 6 de agosto de 2014

FOTO LEGENDA II- VIAGEM AO PERU - BANHO QUENTE/FRIO, FESTA E GUERRA DOS IDIOMAS

Foto Legenda  - Parte II

Banca que vendia, além de balas e biscoitos, humildade e simplicidade  


As ruas são limpas e feitas de pedras. Ao fundo parte
de uma das igrejas e Praça das Armas


Prédio de uma Universidade em Cuzco


Um comércio que funcionava na rua do nosso hotel. Lá dentro você encontra mais lojas, funciona como uma galeria.


Depois do almoço estava preparado para conhecer a Cidade dos Incas. 


Essas senhoras aparentemente simpáticas, pedem para tirar uma foto, porém, no final do registro
você é coagido a pagar uma "propina". 


Nessa casa de café tomei o melhor capuccino do mundo. 


As ruas são estreitas e movimentadas. Calçadas são pequenas. Tenha cautela ao trafegar por elas. 


Os americanos que fizemos os primeiros contatos. Eles queriam conhecer o Brasil logo após o passeio pelo Peru. 


Sanduíches vendidos na rodoviária Internacional de Cuzco. Eles são gigantes! 


Esse foi um dos melhores registros. O que comprova que o Jornal Impresso, apesar da internet, ainda é muito importante para cultura  e conhecimento de um povo. Confesso que fiquei emocionado com esta cena. 


Bem perto da Praça das Armas tem um obelisco que vale a pena conhecer.


Seguindo a tradição européia, as casas e prédios em Cuzco possuem sacadas.No final de tarde, elas ficam ocupadas por seus moradores e convidados. 


VIAGEM AO PERU – BANHO QUENTE/FRIO, FESTA E GUERRA DOS IDIOMAS

PRIMEIRO DIA EM CUZCO 

A cidade é bem bonita. Flores e plantas dão um charme especial

 A viagem ao Peru, sem dúvida, foi marcada pelo frio excessivo. Algo que nunca havia experimentado na vida. Não era uma simples friagem como estava acostumado no Acre. Era frio mesmo daqueles de doer no couro, daquele que castiga e força seus dentes baterem um no outro sem controle. Depois de provar do Chá de Coca na cozinha, pedi para a dona do Hotel me levar ao quarto, pois além de cansado eu só queria tomar um banho e cair na cama e acordar no outro dia, outro ano, outra vida.

O quarto era pequeno, aconchegante com duas camas gigantescas e um banheiro com aquecedor. A hora de ir ao banheiro era sofrida, tendo em vista que tudo era muito gelado. Até sentar na privada era algo que precisava de muita coragem. Ligar o chuveiro então era atitude de super-heróis, afinal, se você ligasse na torneira gelada sairia um picolé, ou se ligasse na quente sairia escaldado.  

Corredor do Hotel 
Ao fundo uma das igrejas
de Cuzco erguida pelos
Europeus. 
Essa indecisão – água quente/fria - me custou várias queimaduras nas costas e nos braços. Uma vez, ao tomar banho, a água gelada havia acabado e de repente recebi de uma vez um jato de água quente, quase fervendo. Aquilo foi desesperador. Mais consegui sair dessa pulando fora da banheira.

Depois do banho, troquei de roupa e cai na cama. Minha cabeça estava rodando, meus passos eram pesados e tudo era muito estranho. Tomei o remédio da altitude e fui dormir. Enquanto isso, o Emerson bebia todas as garrafas de chá de coca do mundo e fazia novos amigos num frio de 8°C.

Por falar em novos amigos, talvez você esteja se perguntando o que aconteceu com o paulista, Gregory, que havíamos conhecido na Rodoviária de Rio Branco. Nosso último contato foi na Rodoviária, mas, ele deixou seu e-mail e marcamos de nos encontrar de noite na praça. Ele já tinha reserva em um hotel e não queria nos acompanhar.

HORA DE ACORDAR

Lá pelas tantas da tarde acordei. Olhei para o lado e o Barbosa também não tinha aguentado e havia adormecido. Acordei varado de fome, porém, estava mais habituado com o clima e aquela sensação ruim tinha passado. Daí, quando alguém me pergunta sobre o que fazer quando chegar a Cuzco, respondo que é preciso dormir, dormir e dormir.

Prato: Frango, arroz, batata e salada com abacate
Não demorou muito e ele também acordou. Tomou banho e fomos nos arrumar pra passear pela cidade dos Incas. Pra nossa sorte o hotel que nos hospedamos ficava muito próximo da Praça Principal um dos pontos turísticos de lá. Fomos andando e no trajeto, encontramos gente de todo o mundo; da Ásia, Europa, África, America, e até de marte.

Além da diversidade de pessoas, encontramos diversidades de restaurantes, hotéis, lojas comerciais e as igrejas. Fiquei impressionado foi com o trânsito. As ruas são muito, muito estreitas e feitas de pedras. Logo me veio à mente as cenas da novela “Xica da Silva”. A civilização espanhola havia passado por lá e deixou sua marca. As sacadas das casas e prédios muito bem desenhadas e modelas.

Meu primeiro contato, de fato, com a culinária peruana foi num restaurante aconchegante que nos indicaram quando caminhávamos pelas ruas. Não recordo o nome, mas, lembro que a comida era muito barata e deliciosa. Barbosa e eu não perdemos tempo e pedimos a cerveja Cusqueña.

Logo após o almoço/lanche resolvemos entrar numa casa de café. Pedimos capuccino para espantar um pouco o frio. Cada coisa gostosa; Bolos, tortas, pães e chás. Sentimos-nos fim de tarde da Europa! Batemos um papo e fomos em direção à praça.

COM OS MEUS “BOTÕES”

O a cidade lembra um "umbigo"
Enquanto andávamos pelas ruas estreitas, fica refletindo o porquê os índios apelidaram a cidade de “umbigo”. Com o passar do tempo tirei duas conclusão. Talvez seja o formato geográfico da cidade que parecia um buraco ou cova daquelas que as cozinheiras criam com ingredientes na hora de fazer o bolo. Ou ainda, pela variedade de raças que desfilam pela cidade.


As ruas de Cuzco são estreitas e movimentadas
A Praça é linda. Tem Chafariz. Tem artistas vendendo seus quadros. Tem crianças correndo dos pombos. Tem casal de namorados. Tem declaração de amor com direito a flores e até documentário de rede de tevê. Enquanto registrávamos algumas cenas e tentávamos nos acostumar com o frio, um guia turístico nos disse que do outro lado da praça é ponto de encontro dos turistas e que lá poderíamos dançar, beber e jantar.
Não ficamos muito tempo na praça. Resolvemos ir para o hotel descansar um pouco e nos arrumar para sair mais tarde...

FIESTA, FIESTA, FIESTA

Vivenciar as noites de Cuzco era algo que mais almejava. De todos os comentários que lia na internet sobre a cidade, se falava muito bem das festas que aconteciam especialmente para turistas. Todo mundo sabe que sou muito festeiro e que os ritmos latinos são os meus prediletos na hora de balançar o esqueleto.

Na Praça das Armas ou Central de Cuzco -Peru
Seguindo a orientação do guia, fomos pros bares/boates que ficavam do outro lado da praça. O mais legal é que não se paga para entrar nesses ambientes. Na entrada, você recebe um regalo (presente) dando direito a drinques e bebidas. Pelo que entendi, os bares ficam duelando para quem atraem mais clientes. Nós, que não somos bobos, fomos a todos! Bebi todas as cervejas, copos de cuba livre e margaritas que havia ganhado de cortesia.

Cada casa tinha um ambiente especifico. Havia aquelas que tocavam Cumbia romântica, outra que só tocava música eletrônica (nessa você encontra muito americano), também existe aquela que tocavam rock pesado e outra bem eclética. Num determinado momento de uma das casas adivinhe! O DJ tocou a música do cantor brasileiro Michel Teló (nossa assim você me mata) e Ilariê da Xuxa. As pessoas pulavam, gritavam e rodavam quando tocavam esses hits. Não sabia se caia na gargalhada ou chorava. Mas, resolvi cair na folia e dançar com o pessoal.

Incrível como os brasileiros são bem vindos nesses ambientes. No meu caso, não era muito difícil perceber a minha nacionalidade, já o Emerson muitos ficavam em dúvidas se era boliviano ou até mesmo peruano. Muita gente procurava falar conosco e interagir. Algumas pessoas levantavam o copo, outras pediam para sambar, ou queriam fazer amizade visando a Copa do Brasil.

Vista do quarto do hotel para a cúpula da igreja
Lembro que um alemão começou a conversar comigo em português, daí não conseguia acompanhar meu raciocínio e passou a conversar em espanhol, depois tentou em inglês, e só que eu não entendia (sou péssimo em inglês), arriscou um francês e por fim em libras. Começamos a rir da situação. Mas entendi o seu recado: Ele queria saber se poderia hospeda-lo em minha casa por que em 2014 viajaria para assistir os jogos da Copa do Mundo. Daí, até explicar pra ele onde se localizava o Acre era mais cinco horas de “Torre de Babel”.

Fizemos muitas amizades. Trocamos muitos contatos e principalmente experiências sobre viagens, cotidiano e vida. Infelizmente não encontramos o nosso recém-amigo, Gregory.


Lá pelas tantas da madrugada, Emerson e eu, resolvemos ir dormir. No portão da boate o termômetro registrava 1°C. Apesar de bêbados sentíamos muito frio, mesmo assim resolvemos ir a pé ao hotel e curtir a madrugada tranquila da cidade de 300 mil habitantes fixos. 

FOTO LEGENDA I - VIAGEM AO PERU - O ESTRANHO, O MEDO E O DESEMBARQUE EM CUZCO

Foto Legenda - Parte I 

Prédio da Aduana em Assis Brasil (última cidade brasileira). Para chegar no Peru basta atravessar uma ponte 



Meu companheiro de viagem, Emerson Barbosa e o Gregory que havíamos conhecido na Rodoviária de Rio Branco 


Tuque-tuque peruano. Quando se atravessa de Assis Brasil para Iñapare (primeira cidade peruana) é possível andar nesse tipo de transporte 


Com os funcionários da Movil Tur. Os dois trabalham como "Comissários de Terra".  Foto registrada logo após saída da setor de Imigração do Peru


Quem trafega pela Carretera Transoceânica encontrará cenas como esta. Caminhões carregados de madeira extraído da floresta amazônica 


Primeira parada no ponto do pedágio. A Transoceânica é cuidada por empresa terceirizada.  


Nos primeiros quilômetros de viagem é possível encontrar dragas retirando areia do rio que corta a região.


O garimpo na região é muito forte. A busca pelo ouro mata o homem, mata a floresta, mata você.


Inúmeros povoados que habitam na estrada. Casas simples e vida pacata chama atenção de quem está passando.


Painel que retrata a região de Madre de Dios. Essa foto foi registrada na Rodoviária de Porto Maldonado (capital)


Quem desembarca na Rodoviária de Porto Maldonado encontra inúmeras banquinhas com produtos artesanais. Os biscoitos nos chamam a atenção. Tem cada gostosura....


Em algum momento da viagem uma pausa para registrar as montanhas das Cordilheiras dos Andes. 



No comércio de Cuzco encontrei esses dois irmãos vendedores super animados. Fizeram-me vestir essa roupa, comum por lá, como batismo. 



VIAGEM AO PERU – O ESTRANHO, O MEDO E O DESEMBARQUE EM CUZCO


Oi pessoal!


Nas ruas de Cuzco o colorido chama atenção dos turistas

Sei que estou ausente desse espaço como um filho que abandonou seu pai no asilo e nunca mais voltou para vê-lo. Quero dizer que nesses tempos a minha vida está atarefada e quando tenho tempinho pra alguma coisa prefiro o descanso; seja sozinho quando ouço minhas músicas, com os amigos numa mesa de bar ou simplesmente com os meus textos de trabalho.

Hoje bateu a saudade de aparecer por aqui, contar um pouco sobre mim, sobre minhas viagens. Por isso resolvi postar algumas histórias que me lembro da viagem que fiz ao Peru (2013) nas minhas primeiras férias do Jornal O Rio Branco.

Bom, a viagem foi ótima e as experiências que tivemos por lá foram as melhores possíveis ainda mais quando você tem ao seu lado pessoas bacanas e um objetivo: Testemunhar o amor.

Ônibus que fizemos o trajeto
Em Agosto de 2013, fui convidado pelo casal de amigos - Ângela Rodrigues (ZÚ) e Francisco Pantigoso (PANT) - para participar da cerimônia de casamentos deles que aconteceu em Lima, capital do Peru. Daí, como viajar sozinho não é muito a minha praia, resolvi convidar o Emerson Barbosa (jornalista de Rondônia) a fazer essa viagem comigo.

PARTIDA

Saímos numa quarta-feira da Rodoviária Internacional de Rio Branco. O valor da passagem ida e volta [Trecho Rio Branco/Porto Maldonado/Cuzco – Cuzco/ Porto Maldonado/ Rio Branco] custou R$ 320 reais pela Movil Tur [Empresa peruana]. Por lá, encontramos um paulista que estava de passagem pela capital do Acre e que pegou o mesmo ônibus que a gente. Seu nome? Gregory Matteucci um sujeito a principio estranho mais que logo conseguiu fazer amizade conosco.
Gregory e Eu no ônibus da Movil Tur

Ás 10 horas nosso bus saiu da rodoviária e partimos para a fronteira (Epitaciolândia/Bolívia) onde fizemos nossa primeira parada para almoçar. Visivelmente ansioso, falei ao Barbosa (Emerson) que não ia almoçar comida brasileira e que daria tudo para provar da culinária dos Andes. Ele, muito fã da comida acreana não perdeu tempo e fez o seu prato estilo pedreiro (uma moita sem fim). Após o almoço, pegamos a estrada e com destino à Assis Brasil (última cidade brasileira na fronteira do Brasil com Bolívia/Peru).

No trajeto, o “comissário de terra” nos entregou um formulário para preencher que facilitaria na saída do país e na entrada do outro. O documento (escrito em espanhol/inglês e português) foi entregue na Aduana em Assis Brasil. Lá desembarcamos e registramos nos documentos junto a Polícia Federal (PF) a nossa saída.

ADUANAS BRASIL/PERU

Aduana em Assis Brasil (AC)
Embarcamos novamente e ao atravessar a ponte que liga dois países, chegamos à Aduana peruana. No desembarcar, vários cambistas querendo trocar o nosso Real por Novo Sol (nuevo soles). Marinheiros de primeira viagem, pedimos ajuda de uma senhora brasileira que morava há dez anos nos Andes Peruano. De tanto tempo que morava lá mal falava o português, mas nos ajudou identificando as cédulas verdadeiras.

Depois de trocar o nosso dinheiro foi à vez de passar pelo setor de imigração. Foi nessa hora que o medo bateu e as pernas ficaram tremulas. Meu documento (RG) estava velho e a possibilidade deles aceitarem, sem o passaporte, era muito pequena. A imigração peruana é muito exigente quanto à entrada de estrangeiros em seu solo. Minutos depois cheguei à sala do chefe da imigração puxei uma brincadeira e dei o documento para carimbar (visto de turismo).  



Wanglézio e o chefe da imigração peruana

Enquanto isso ao lado dele, uns verdadeiros armários (soldados) realizava sua segurança e com a típica cara de mal. Tremi na base quando ele perguntou quanto tempo ficaria no país. Disse a ele que passaria no máximo um mês. Ele perguntou se existia a necessidade desse tempo todo e respondi que não, mais se ele desejasse poderia liberar apenas 15 dias. Ele só olhou pro meu rosto e disse: Listo! (pronto em português).

CONVERSA VAI, CONVERSA VEM

Tudo pronto e mais algumas horas desembarcaríamos na rodoviária de Porto Maldonado. Durante o trajeto, Emerson, Gregory e Eu conversamos muito. Falamos sobre sonhos, frustrações, objetivos, carreiras e até de comida. Um das coisas que não esqueço foi o desafio que o Gregory lançou: “Estou sem rumo na vida. Quero cruzar os Andes a pé. Quero descer e subir esse lugar. Talvez siga viagem até o Equador, Colômbia ou quem sabe a Venezuela. Estou sem dinheiro e vou conseguir fazer esse percurso a pé”, afirmou.

Emerson e eu não estávamos muito acreditando na história, porém, pra nossa surpresa Gregory mostrou sua mochila cheia de alimentos, objetos para acampamento e até um mapa de sua aventura. Enquanto me concentrava na conversa dele, enxergava da janela uma triste realidade da Amazônia Peruana: A ação do homem em busca pela riqueza.

Moeda Oficial da República do Peru
Máquinas pesadas e dragas, muitas dragas na beira da estrada e dentro do rio que corta aquela região. Em um determinado trecho, foi possível contar (14 caminhões) carregados de areia saiam em filas de uma base improvisada da empresa que ali extraia o produto. Registrei algumas imagens, outras ficaram na minha memória.

Devo lembrar que o trajeto foi muito tranquilo. A carreteira (estrada) do lado peruano é linda! Sem buracos, sem desvios, muito bem sinalizada. Não posso afirmar o mesmo sobre nossa estrada brasileira. Parece mais um pedaço de queijo.

Logo, a noite caiu e segundo o comissário de terra chegaríamos ás 19 horas em Porto Maldonado (capital do Departamento de Madre de Dios). A previsão dele falhou e chegamos à cidade ás 20 horas. Desembarcamos e logo achei aquilo tudo muito estranho. A começar pelo clima (17°C) e um vento supergelado. Nossa preocupação foi encontrar o guichê da empresa para fazer a conexão com o outro ônibus que nos levaria à Cuzco. Minutos depois, ficamos sabendo que o bus sairia ás 22 horas.

No desembarque em Porto Maldonado

Rodoviária de Porto Maldonado
Depois de quase 11 horas de viagem a barriga dava sinal de fome. Na rodoviária havia vários biscoitos e pequenos lanches com aparência bem gostosa, mas a fumaça e o cheiro que vinha lá de fora me atraiu. 

Avistamos pequenas barracas que vendiam jantas (cena) e produtos comuns em mercados. De cara, avistei um homem tomando um caldo servido num prato de alumínio com pedaços de frango (Pollo) com batatas e macaxeira (mandioca).

A cena não era das melhores, tendo em vista que ao passo que olhava pra ele logo acima de sua cabeça, no telhado, passou um rato gigantesco (No Brasil seria classificado como uma cutia). Aí a vontade de comer ficou por lá. Emerson se encantou com um prato de Pollo frito com batatas e salada com abacate. Até que curti a ideia, daí fui na opção dele e resolvemos arriscar. Pedi uma coca cola e não tinha. Pedi uma Fanta Laranja, também não tinha. A única coisa que existia ali era água mineral e Inca Kola (tem coloração amarelo-ouro).

Garrafa de Inca Kola 
Pedi a tal Inca Kola e tomei mais da metade pra ajudar a descer. Nossa maior preocupação foi com a saúde, pois afinal, sem ela como viveríamos para contar a história depois?

Depois da gororoba segui as dicas da minha colega, Mircléia Magalhães, de comprar uma pílula para náuseas, enjoos e problemas de pressão por causa da altitude. Procuramos a bendita pílula, mais não havia disponível nas barracas. Até que por indicação de um senhor, encontramos e tratamos logo de tomar para fazer efeito na viagem, afinal, iríamos subir as cordilheiras na madrugada.

CONEXÃO EM PORTO MALDONADO

O tempo passou e o horário do embarque chegou. Fomos os últimos a entrar no ônibus. O Gregory também pegou o mesmo ônibus de conexão que a gente. Ele estava nos procurando desesperadamente pela rodoviária porque ouviu alguém dizer que sairia em poucos minutos. Corremos até o guichê da administração da rodoviária para efetuar o pagamento do imposto de embarque (Aproximadamente 2 Sol Novo). Passagens carimbadas e o embarque feito às pressas.

Chegando ao terminal, pegamos nosso ônibus de três andares, equipado com televisão, poltronas mega reclináveis, banheiro gigantesco e um som ambiente regado ao estilo Cumbia Romântica. Ficamos no primeiro andar lá de cima. Visão privilegiada! Pena que de noite não enxergamos muita coisa, mas o amanhecer foi espetacular. Lembro que na poltrona da frente havia uma família (pai, mãe, um bebê de colo e um menino mais crescido), ao lado três americanas e uma francesa.

Ela recebeu o apelido de "Bonita" por seu charme e carisma
Minutos depois de viagem, o anúncio da Comissária de Terra, apelidada de bonita (porque ela é realmente muito bonita), explicava que ônibus era equipado com calefacción (aquecimento), banheiro que era usado apenas para urinar (ela frisou que era apenas para urinar se alguém quiser fazer o número 2 deveria avisar ao motorista, ele pararia no meio da estrada e a pessoa descia) e que serviria em breve um lanche aos passageiros.

Lanche servido no ônibus
Começamos a conversar, Emerson e Eu, falamos das nossas vidas de jornalistas, das dificuldades de trabalhar na área, dos benefícios de ser um comunicador, conversamos dentre outros assuntos dos amores e das pessoas. O papo ia fluindo muito bem, até que a Bonita (Comissária de terra) veio nos oferecer uma caixinha com bolacha (salgada), um pedaço de bolo de laranja e Cupcake com Inca Kola e água mineral.  Não perdemos tempo e fizemos amizade com ela, porém, a coitada sozinha fazia o serviço de bordo nos três andares e pouco tempo teve para conversar conosco.

Não demorou muito para eu sentir um friozinho a mais, afinal, escolhi o lado da janela, e perceber que os vidros estavam embaçados. Dentro do ônibus pouco se ouvia barulho, só da Cumbia que tocava na rádio interna. Minutos depois a sinfonia de roncos e tosse indicava que as pessoas estavam cansadas, ou dormindo e dando os primeiros sinais da altitude.

Uma horinha depois começamos a subir as cordilheiras. Subíamos em forma de circulo. Subíamos, subíamos , subíamos e foi assim o restante da viagem. Parecia que nunca mais andaríamos em linha reta como na estrada. Lá pelas tantas da madrugada, sem pregar um olho, as meninas do lado começaram a passar mal. Uma delas encheu o saquinho para vomito, outra reclamava de dor de cabeça. Emerson não aguentou e dormiu. Talvez para não testemunhar a cena ou ainda seria a melhor forma de passar aquela experiência horripilante de subir as cordilheiras e não sentir “coisas”.

Descendo, descendo, descendo (...) 
Da janela menos embaçada avistava os paredões de pedras e os carros passando espremidos ao lado do nosso ônibus. A cada ultrapassagem, só Deus sabe o quanto eu morria de medo de bater naquele negócio e cair no abismo. Mesmo assim resolvi ouvir meu MP3 ao som de (Ivan Lins, Caetano Veloso, 14 bis e sertanejo universitário misturado com pop rock). Não custou muito para sentir os olhos pesando. Numa pestanejada e o sono me consumiu.

Tempos depois acordei e nosso ônibus continuava a subir as estradas das Cordilheiras. Olho para o lado e vejo a maioria das pessoas dormindo. Olho pro outro lado e testifico os primeiros raios do sol. Vejo também lá em baixo pequenas luzes acessas (infindáveis pontinhos de luzes) e pensava que estaríamos chegando ao destino: Cuzco.

A viagem prossegue e volto a dormir. De repente, o ônibus começa a descer, descer e descer. Era algo muito rápido como se não estivesse com freios. O meu coração acelerou, comecei a suar e ficar preocupado com a velocidade do ônibus que ameaçava bater nos paredões de pedras ou quem sabe nas carretas que por lá trafegam. Resolvi acordar o Barbosa. O cara também ficou aflito! Não sabíamos se nos despedíamos ou deixávamos recado para nossas mães se alguém sobrevivesse.


Montanhas de gelo nas Cordilheiras dos Andes 

O dia clareou e sou acordado pelo barulho de um senhor que seria o primeiro a descer no trajeto. Lá em baixo ele pegava seus pertences e abraçava sua família. Deu um beijo numa senhora, tal sua esposa, que vestia uma roupa de lã colorida e um chapéu esquisito. Barbosa e Eu, nesse momento, passávamos a lembrar das cenas de terror que vivemos na madrugada. Logo em seguida os outros passageiros também comentavam sobre a viagem.

Nessa altura da viagem as primeiras características de Cuzco se revelavam. Casas bem pobres construídas nas pedras. Na beira da estrada era possível testemunhar a vida no campo rural; animais soltos na estrada, carroças carregadas com alimentos e a famosa folha de coca amontoadas em sacos de fibra.

Nosso café da manhã (Desayuno) foi servido dentro do ônibus. Sucos, bolachas, Inca Kola e Chá foram servidos pela Comissária Bonita. Optei pelos biscoitos que havia comprado no Brasil e tomei suco e Inca Kola. Já o Barbosa foi com o Desayuno da casa.

Tantas horas de viagem e algumas coisas começaram a me aborrecer. O Choro inconstante do bebê da frente, o mau-cheiro insuportável do banheiro e a aflição de sair daquela estrada. Demorou só mais um pouco e depois de 22 horas (de Rio Branco a Cuzco) chegamos à cidade dos Incas.

O DESEMBARQUE EM CUZCO

Na rodoviária a grata surpresa: Não sabia se estava na torre de babel ou encontro internacional de vários países. Pense num lugar cheio de gente de várias partes do planeta! Agora imagine todo mundo gritando e falando alto como se não houvesse o amanhã! Pensou? Pois bem, assim era o ambiente da estranha Rodoviária de Cuzco.

Rodoviária Internacional de Cuzco - Peru
O frio de (10° C + vento gelado) deram ás boas vindas aos turistas medrosos (Emerson e Eu).  No desembarque, comecei a sentir algo diferente. Emerson falava algo e ouvia segundos depois com deley. O corpo pesava muito e era impossível respirar naquele ambiente. Logo pensei: Coisas da altitude.

Pegamos nossas coisas e fomos procurar hotel. Ainda na Rodoviária, no portal de saída, encontramos uma senhora de estatura baixa que vendia estadias. Sua cara não era das melhores. Sei que não podemos e que é deselegante julgar as pessoas por sua aparência, mas seguindo as orientações de quem já visitou o Peru – “Tome cuidado na rodoviária! Cuidado com o golpe! Muitos peruanos gostam de dar golpe nos brasileiros”! – resolvi informar ao Barbosa que negociaríamos com outra pessoal o hotel pois ela não passou confiança.

Barbosa concordou e resolvemos procurar outros agentes de turismo. Demos uma volta na rodoviária e ele encasquetou com essa mulher e resolveu ouvir a proposta. Resultado: depois de muito convencimento ficamos no hotel dela (Tupana Wasi). Pegamos um táxi e ela nos levou para conhecer as instalações.

Rua do hotel Tuapana Wasi

Quando chegamos, paramos o carro no meio da rua e os motoristas começaram a buzinar. Era algo estranho e muito estreito. Daí, começamos a nos familiarizar com ela e o ambiente e aceitamos ficar. A senhora, de imediato, nos ofereceu chá da folha de coca e perguntou se queríamos fazer o Desayuno. Barbosa aceitou, porém, eu só queria dormir e passar aquela coisa ruim. (Continua...)