O Acre ocupa a 17° posição entre os estados do país (Foto Cedida) |
O número de
raios na Região Norte está aumentando e a tendência é que a incidência do
fenômeno continue crescendo na região, por causa do aquecimento global. Foi o
que disse uma pesquisa publicada recentemente pelo Grupo de Eletricidade
Atmosférico (Gelat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Segundo
dados da instituição, o Acre ocupa a 17° posição entre os estados que mais caem
raios no país.
O estudo
aponta que caem 4,86 raios por km2 por ano em nosso estado. O que corresponde a
0,74 (média, em milhões) referente ao ranking nacional. Os estados que mais
caem raios são; Amazonas (11,00) Pará (7,38) e Mato Grosso (6,81) consecutivamente.
Senador Guiomard (AC) (Foto Quinary On Line) |
Em relação
aos municípios do Acre, Senador Guiomard lidera entre as cidades que mais caem
raios (7,66 - Densidade de descargas por Km ao ano). Seguido de Brasiléia 7,32
e Sena Madureira 7,02 consecutivamente.
O raio é
uma descarga elétrica de grande intensidade que ocorre na atmosfera. A
intensidade típica de um raio é de 30 mil Ampères, cerca de mil vezes a
intensidade de um chuveiro elétrico. Em geral, os raios provocam um clarão e,
logo em seguida, um barulho denominado trovão, por causa do deslocamento de ar.
Na maioria
dos casos, as pessoas são atingidas por correntes indiretas que vêm, por
exemplo, pelo chão. São raros os casos em que a pessoa é atingida diretamente por
um raio e quase sempre ela morre imediatamente ou, quando sobrevive, fica com
graves sequelas.
Na
natureza, as descargas elétricas riscam quilômetros de céu até atingir o solo,
com uma voltagem de 100 milhões de volts. Comparando com uma tomada caseira, a
voltagem é praticamente 1 milhão de vezes maior.
A pesquisa divulgada ainda compara dados do
primeiro levantamento de mortes por raios, de 2000 a 2009, com dados do
segundo, de 2000 a 2014. De 2000 a 2014, 1.789 pessoas morreram atingidas por
raios em todo o país. O número médio de mortes por ano caiu de 132 para 111,
mas, apesar da redução nacional, as mortes na Região Norte aumentaram e
passaram de 18% para 21% dos casos.
Brasil
Por ser o
maior país localizado na região tropical, o Brasil é o sétimo em número de
mortes, atrás da China (média de 700 mortes por ano), Índia (450), Nigéria
(400), México (220), África do Sul (150) e Malásia (150).
Apesar da
tendência de aumento de raios no Norte, de forma pontual neste verão, por causa
do fenômeno El Niño, a Região Sul será muito atingida. No inverno, já registraram
500% mais raios se comparado a 2014. No Sudeste o aumento foi 100%.
Apesar do número de mortes em atividades
agropecuárias ser maior, com 25% dos casos, uma das preocupações do Inpe é com
o aumento, de 12% para 19%, do número de pessoas que morrem por raios dentro de
casa.
Mitos e curiosidades sobre raios
Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Não
é verdade e uma prova disso é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que recebe
ao menos seis descargas atmosféricas por ano. A origem desse mito está nos
índios, que usam pedras atingidas por raios como amuletos, acreditando que
estão protegidos contra os relâmpagos.
É perigoso ficar dentro do carro durante a
chuva? Na verdade, o veículo fechado é o local mais seguro contra raios – nunca
ninguém morreu no Brasil atingido por raio dessa forma. Se o carro é atingido
por um raio, a descarga elétrica se espalha por sua superfície metálica, sem
atingir quem está dentro dele.
A pesquisa foi apresentada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) |
Qual é a diferença entre trovão, raio e
relâmpago? Relâmpago é toda descarga elétrica emitida por uma nuvem; raio é a
descarga elétrica que toca o solo. Trovão é o som produzido pela descarga
elétrica.
Dá para saber a que distância caiu o raio? É
possível estimar a distância em quilômetros com um cálculo simples: basta
contar o tempo (em segundos) entre o momento que se vê o raio e se escuta o
trovão e dividir por três obtendo-se a distância aproximada em quilômetros.
Existem
raios que não partem das nuvens? Sim, são os chamados raios ascendentes, que
saem de estruturas altas (torres, prédios altos) em direção às nuvens.
Correspondem a cerca de 1% dos raios. O ELAT foi o pioneiro no registro deles
no Brasil, observados em torres do pico do Jaraguá na cidade de São Paulo.
Os raios são diferentes em diferentes regiões?
Sim. No Brasil, os raios do Rio Grande do Sul tendem a ser mais fortes e
destrutivos do que os que caem em outras partes do país.
Publicado Originalmente: Jornal O Rio Branco
Reportagem: Wanglézio Braga.
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